As possibilidades das redes de aprendizagem

As possibilidades das redes de aprendizagem*


Hoje temos um número significativo de professores desenvolvendo projetos e atividades mediados por tecnologias. Mas a grande maioria das escolas e professores ainda está tateando sobre como utilizá-las adequadamente. A apropriação das tecnologias pelas escolas passa por três etapas, até o momento. Na primeira, as tecnologias são utilizadas para melhorar o que já se vinha fazendo, como o desempenho, a gestão, para automatizar processos e diminuir custos. Na segunda etapa, a escola insere parcialmente as tecnologias no projeto educacional. Cria uma página na Internet com algumas ferramentas de pesquisa e comunicação, divulga textos e endereços interessantes, desenvolve alguns projetos, há atividades no laboratório de informática, mas mantém intocados estrutura de aulas, disciplinas e horários. Na terceira, que começa atualmente, com o amadurecimento da sua implantação e o avanço da integração das tecnologias, as universidades e escolas repensam o seu projeto pedagógico, o seu plano estratégico e introduzem mudanças significativas como a flexibilização parcial do currículo, com atividades a distância combinadas as presenciais.

Os professores, em geral, ainda estão utilizando as tecnologias para ilustrar aquilo que já vinham fazendo, para tornar as aulas mais interessantes. Mas ainda falta o domínio técnico-pedagógico que lhes permitirá, nos próximos anos, modificar e inovar os processos de ensino e aprendizagem.

As redes, principalmente a Internet, estão começando a provocar mudanças profundas na educação presencial e a distância. Na presencial, desenraizam o conceito de ensino-aprendizagem localizado e temporalizado. Podemos aprender desde vários lugares, ao mesmo tempo, on e off-line, juntos e separados. Como nos bancos, temos nossa agência (escola), que é nosso ponto de referência; só que agora não precisamos ir até lá o tempo todo para poder aprender.

As redes também estão provocando mudanças profundas na educação a distância (EAD). Antes a EAD era uma atividade muito solitária e exigia muita auto-disciplina. Agora, com as redes, a EAD continua como uma atividade individual, combinada com a possibilidade de comunicação instantânea, de criar grupos de aprendizagem, integrando a aprendizagem pessoal com a grupal.

A educação presencial está incorporando tecnologias, funções, atividades que eram típicas da educação a distância, e a EAD está descobrindo que pode ensinar de forma menos individualista, mantendo um equilíbrio entre a flexibilidade e a interação.

 

Blogs e Flogs

Quando focamos mais a aprendizagem dos alunos do que o ensino, a publicação da produção deles se torna fundamental. Recursos como o portfólio, onde os alunos organizam o que produzem e o disponibilizam para consultas, são cada vez mais utilizados. Os blogs, fotologs e videologs são recursos muito interativos de publicação com possibilidade de fácil atualização e participação de terceiros.

Os blogs, flogs (fotologs ou videologs) são utilizados mais pelos alunos que pelos professores, principalmente como espaço de divulgação pessoal, de mostrar a identidade, onde se misturam narcisismo e exibicionismo (em diversos graus). Atualmente há um uso crescente dos blogs por professores dos vários níveis de ensino, incluindo o universitário. Os blogs permitem a atualização constante da informação pelo professor e pelos alunos, favorecem a construção de projetos e pesquisas individuais e em grupo, a divulgação de trabalhos. Com a crescente utilização de imagens, sons e vídeos, os flogs têm tudo para explodir na educação e integrarem-se com outras ferramentas tecnológicas de gestão pedagógica. As grandes plataformas de educação a distância ainda não descobriram e incorporaram o potencial dos blogs e flogs.

A possibilidade dos alunos se expressarem, tornarem suas idéias e pesquisas visíveis, confere uma dimensão mais significativa aos trabalhos e pesquisas acadêmicos. A Internet possui hoje inúmeros recursos que combinam publicação e interação, através de listas, fóruns, chats, blogs. Existem portais de publicação mediados, onde há algum tipo de controle e existem outros abertos, baseados na colaboração de voluntários. O site www.wikipedia.org/ traz um dos esforços mais notáveis no mundo inteiro de divulgação do conhecimento. Milhares de pessoas contribuem para a elaboração de enciclopédias sobre todos os temas, em várias línguas. Qualquer pessoa pode publicar e editar o que outras pessoas colocaram. Só em português foram divulgados mais de 30 mil artigos na wikipedia. Com todos os problemas envolvidos, a idéia de que o conhecimento pode ser co-produzido e divulgado é revolucionária e nunca antes tinha sido tentada da mesma forma e em grande escala.

 

A escola em conexão com o mundo

A escola com as redes eletrônicas se abre para o mundo, o aluno e o professor se expõem, divulgam seus projetos e pesquisas, são avaliados por terceiros, positiva e negativamente. A escola contribui para divulgar as melhores práticas, ajudando outras escolas a encontrar seus caminhos. A divulgação hoje faz com que o conhecimento compartilhado acelere as mudanças necessárias, agilize as trocas entre alunos, professores, instituições. A escola sai do seu casulo, do seu mundinho e se torna uma instituição onde a comunidade pode aprender contínua e flexivelmente. Destaco, por exemplo, a importância do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) de Chicago, que disponibiliza todo o conteúdo dos seus cursos em várias línguas, facilitando o acesso de centenas de milhares de alunos e professores a materiais avançados e sistematizados, disponíveis on-line http://www.universiabrasil.net/mit/. Alunos, professores, a escola e a comunidade se beneficiam. Atualmente, a maior parte das teses e dos artigos apresentados em congressos estão publicados na Internet. O estar no virtual não é garantia de qualidade (esse é um problema que dificulta a escolha), mas amplia imensamente as condições de aprender, de acesso, de intercâmbio, de atualização. Tanta informação dá trabalho e nos deixa ansiosos e confusos. Mas é muito melhor do que acontecia antes da Internet, quando só uns poucos privilegiados podiam viajar para o exterior e pesquisar nas grandes bibliotecas especializadas das melhores universidades. Hoje podemos fazer praticamente o mesmo sem sair de casa.

Os professores podem ajudar o aluno incentivando-o a saber perguntar, a enfocar questões importantes, a ter critérios na escolha de sites, de avaliação de páginas, a comparar textos com visões diferentes. Os professores podem focar mais a pesquisa do que dar respostas prontas, ou aulas todas acabadas. Podem propor temas interessantes e caminhar dos níveis mais simples de investigação para os mais complexos; das páginas mais coloridas e estimulantes para as mais abstratas; dos vídeos e narrativas concretas para os contextos mais abrangentes e assim ajudar a desenvolver um pensamento arborescente, com rupturas sucessivas e uma reorganização semântica contínua.

Uma das formas mais interessantes de desenvolver pesquisa em grupo na Internet é o webquest. Trata-se de uma atividade de aprendizagem que aproveita a imensa riqueza de informações que, dia a dia, cresce na Internet. Resolver uma webquest é um processo de aprendizagem atraente, porque envolve pesquisa, leitura, interação, colaboração e criação de um novo produto a partir do material e idéias obtidas. A webquest propicia a socialização da informação: por estar disponível na Internet, pode ser utilizada, compartilhada e até reelaborada por alunos e professores de diferentes partes do mundo. O problema da pesquisa não está na Internet, mas na maior importância que a escola dá ao conteúdo programático do que à pesquisa como eixo fundamental da aprendizagem.

O processo de mudança será mais lento do que muitos imaginam. Iremos mudando aos poucos, tanto no presencial como na educação a distância. Há uma grande desigualdade econômica, de acesso, de maturidade, de motivação das pessoas. Alguns estão prontos para a mudança, outros muitos não. É difícil mudar padrões adquiridos (gerenciais, atitudinais) das organizações, governos, dos profissionais e da sociedade.

 Ensinar com as novas mídias será uma revolução, se mudarmos simultaneamente os paradigmas convencionais do ensino, que mantêm distantes professores e alunos. Caso contrário conseguiremos dar um verniz de modernidade, sem mexer no essencial. A Internet é um novo meio de comunicação, ainda incipiente, mas que pode ajudar-nos a rever, a ampliar e a modificar muitas das formas atuais de ensinar e de aprender.

*José Manuel Moran – Especialista em projetos inovadores na educação presencial e a distância – jmmoran@usp.br

Cadernos de Comunicação Organizacional – Como Escolher uma Agência de Comunicação e Comunicar é preciso

Cadernos de Comunicação Organizacional
Como Escolher uma Agência de Comunicação

Como Escolher uma Agência de Comunicação é primeiro título da série Cadernos de Comunicação Organizacional, uma publicação da Associação Brasileira das Agências de Comunicação – Abracom. A coleção que agora se inicia tem o objetivo de oferecer às agências de comunicação e seus interlocutores no mercado textos que difundam conhecimentos práticos sobre a atuação das empresas do setor.

O texto do caderno “Como Escolher uma Agência de Comunicação” foi escrito pelo diretor de comunicação, Pedro Cadina. E mostra os principais passos que uma empresa ou organização deve dar para fazer uma escolha certeira na hora de contratar serviços de comunicação corporativa.

Para chegar ao texto final, o autor utilizou como referências, além da experiência no mercado e da reflexão coletiva no âmbito da Abracom, textos de entidades internacionais. Aqui, no site da Abracom, você encontra versão online para impressão.

A versão impressa está disponível na sede da Abracom para agências associadas efetivas, entidades empresariais e do setor público.

Para chegar à versão atual do Caderno, a Abracom contou com a colaboração da agência Klaumonforma, que fez o design gráfico, do ilustrados Faoza Monteiro e da Stil Graf.

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Cadernos de Comunicação Organizacional – Comunicar é preciso

As Organizações Não Governamentais terão a partir do dia 5 de dezembro, uma importante ferramenta par auxiliar na sua comunicação com a mídia. A Associação Brasileira das Agências de Comunicação – Abracom, lança o caderno “Comunicar é Preciso – Como Ongs podem se comunicar melhor com a Imprensa”, organizado pela jornalista Janine Saponara, coordenadora do grupo de trabalho sobre Terceiro Setor da entidade. O evento de lançamento será realizado a partir das 19h, no auditório do Centro Brasileiro Britânico, que fica na rua Ferreira de Araújo, 741, em São Paulo, com palestra sobre a importância da comunicação para as Ongs que será feita pelo fundador e coordenador dos Doutores da Alegria, Wellington Nogueira.

O caderno “Comunicar é preciso é o segundo volume da série Cadernos de Comunicação Organizacional, publicada pela Abracom. No primeiro volume, o tema foi “Como contratar uma agência de comunicação”.

Transferência de know how

O caderno destinado às Ongs foi organizado a partir do trabalho de pesquisa feito pelo grupo da Abracom que debate temas ligados à comunicação no Terceiro Setor. A publicação é destinada aos gestores de Ongs, com o objetivo de indicar caminhos para que o contato das organizações com a imprensa seja feito de modo mais direto e objetivo. Segundo a coordenadora do grupo de trabalho da Abracom, Janine Saponara, “o objetivo do caderno é contribuir para reduzir a exclusão da fonte, que vivemos hoje, pois a imprensa – não só por sua culpa – entrevista sempre as mesmas ongs”. O Grupo considerou de extrema importância transferir seus conhecimentos para as organizações que não têm recursos e para as quais a imprensa é um público fundamental público fundamental para o sucesso de suas iniciativas.

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Pesquisa – Contextualização: uso do conceito de mediação / Educação e mediação simbólica / O surgimento da internet: dos “mísseis” às comunidades / Os sentidos da virtualidade / Internet e educação: uma perspectiva teórica /

Contextualização: uso do conceito de mediação

O conceito de mediação foi empregado junto ao de meios de comunicação, de forma particular, pelo filósofo colombiano e teórico dos estudos culturais latino-americanos Jesús Martín-Barbero, no livro “Dos Meios às Mediações: comunicação, cultura e hegemonia”. Na época de publicação do livro (1987) a internet não tinha nem o tamanho, nem a popularidade e nem a disseminação que adquiriu nos últimos anos, principalmente de 1996 para hoje, 2007. Mas, já naquele instante, o uso do termo mediação referia-se às construções culturais e simbólicas, as resignificações, de um sujeito imerso em um contexto de globalização cultural, de multiculturalismo e de intertextualidade (características também da internet). Em nosso contexto particular, o uso pode passar por uma reapropriação para a utilização das novas tecnologias de comunicação digital interativa em rede, em especial a internet, e ao processo de ensino-aprendizagem.
Parte-se do pressuposto de que o sujeito, que faz uso dos meios de comunicação de massa ou dos meios de comunicação interativos, integra uma comunidade, um grupo, um universo particular, tomando decisões de acordo com o contexto em que está imerso, negociando simbolicamente com os meios de comunicação. No caso particular da América Latina – com sociedades de subdesenvolvimento acelerado e modernização compulsiva – a comunicação, assinala Martín-Barbero, assume “os bloqueios e as contradições” em que os sujeitos estão situados, em uma emergência de sujeitos sociais e identidades culturais novas. “Assim, o eixo do debate deve se deslocar dos meios às mediações, isto é, para as articulações entre práticas de comunicação e movimentos sociais, para as diferentes temporalidades e para a pluralidade de matrizes culturais”. (Martín-Barbero, 2001, p.270)

 

 

 

 

 

Educação e mediação simbólica

Mais do que a concepção “clássica” de educação, quase teológica, de um professor onipotente e onipresente, uma nova perspectiva é assumida a partir do uso do termo mediação no processo de ensino-aprendizagem. Com seu emprego e uso, a idéia passa a ser de que as tomadas de decisões do professor e o posicionamento e reflexão dos alunos acontecem muitas vezes em um espaço de conflitos e de crítica. O processo educativo, como integrante de uma ação simbólica, de uma matriz cultural inerente ao contemporâneo, assume desta forma uma perspectiva não apenas de transmissão de conhecimento, mas de mediação, de acordos entre as partes, de negociação, inclusive de construção dialética, no sentido hegeliano de síntese de opostos.
Esse uso do conceito de mediação atrelado à educação se aproxima da concepção sócio-construtivista interativa, em que a relação entre professor e aluno se dá num contexto de diálogo franco, aberto, multilateral, em que as capacidades e os talentos de todos os envolvidos no processo são levados em consideração no processo de ensino-aprendizagem. A internet, com sua universalidade, com sua atemporalidade e com suas novas perspectivas de espacialidade, vem como ferramenta que contribui para uma nova cultura na educação, uma nova forma de elaboração e disseminação do conhecimento, uma cibercultura que não está só paralela à cultura tal qual a conhecemos, em seu sentido geral, de formas de fazer, de habilidades, mas também em seu sentido amplo, como produção e disseminação de formas simbólicas, com suas simulações e virtualidades. (THOMPSON, 1995, p.193)

O surgimento da internet: dos “mísseis” às comunidades

As origens históricas da internet remetem-se à Guerra Fria (conflito político, bélico, científico e tecnológico entre os EUA e a ex-URSS), quando foi desenvolvida a Arpanet (Advanced Research Projects Agency – Agência de Projetos de Pesquisa Avançadas), rede de computadores montada pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos, em setembro de 1969 com o objetivo de integrar computadores diversas bases militares e estimular a pesquisa entre universidades. Ou seja, os usos tinham fins negativos (em relação ao conflito EUA-URSS), mas foi justificada também por seu uso positivo (científico).
O sociólogo espanhol Manuel Castells, um dos mais otimistas pensadores sobre as novas tecnologias de comunicação, faz o que ele chama de uma “fórmula improvável” nas origens da internet, que somam: big sciense, pesquisa militar e a cultura da liberdade. “A Arpanet teve suas origens no Departamento de Defesa dos EUA, mas suas aplicações militares foram secundárias para o projeto do IPTO (Information Processing Techniques Office – Escritório de Processamento de Informações Técnicas) era financiar a ciência da Computação nos Estados Unidos e deixar que os cientistas fizessem seu trabalho surgisse disso.” (CASTELLS, 2003, p. 20). E surgiu. A internet como a conhecemos hoje, com sua arquitetura de rede, baseasse em três princípios que a orientaram inicialmente, segundo Castells: “uma estrutura de rede descentralizada; poder computacional distribuídos através dos nós da rede; e redundância para diminuir os riscos de conexão.” (CASTELLS, 2003, p.20).
A internet acabou sendo utilizada a partir da década e 1970 como uma integrante da cultura da liberdade disseminada nos campi universitários norte-americanos, mantendo entre os estudantes redes comunitárias. Castells avalia que sem essa contribuição de manter redes comunitárias, talvez a história da internet fosse diferente, não abarcando o mundo inteiro. Nasce daí a cultura hacker (que é preciso diferenciar da cultura cracker). A cultura hacker engloba, segundo Castells, sob uma reflexão de Steve Levy, “um conjunto de valores e crenças que emergiu das redes de programadores de computador que interagiam on-line em torno de sua colaboração em projetos autonamamente definidos de programação criativa.” (CASTELLS, 2003, p. 38). Já o termo cracker passou a designar os programadores que quebram códigos, entram em sistemas ilegalmente e criam tráfego nos computadores, apesar de haver algumas discordâncias sobre o significado termo.

Os sentidos da virtualidade

Outro teórico das novas tecnologias, ao lado do espanhol Manuel Castells, é o tunisiano-francês Pierre Lévy. Um grande otimista, um grande entusiasta da internet. Ambos sempre viram, em seus estudos, positivamente os usos da rede mundial de computadores na sociedade, na política, no lazer e na educação. A obra de Lévy sobre os usos e interações sociais na rede mundial de computadores é significativa. Entre seus livros traduzidos para o português pela editora 34, que o publica no Brasil, estão “As tecnologias da inteligência”, “O que é virtual?” e o indispensável “Cibercultura”.
Neste último, em especial, há uma espécie de síntese das reflexões dos dois anteriores. Os diversos empregos do conceito de virtual, por exemplo, são descritos no “Cibercultura”:

Esses sentidos pretendem nos situar a respeito das diversas possibilidades de simulação até o controle em tempo real de nosso representante no modelo de situação simulada. Sugerem, desta forma, espacialidades e temporalidades a que o ciberespaço submete. Os conceitos dividem o Mundo Virtual em diferentes escalas. Entretanto, cada uma delas remete-se ao ser humano e suas possibilidades interativas com a máquina ou mesmo com o espaço físico, partindo-se do mais forte (filosófico) ao mais fraco (sentido tecnológico).

Internet e educação: uma perspectiva teórica

Foi o próprio Pierre Lévy, professor da Universidade de Paris VIII, um dos primeiros teóricos a perceber o impacto da internet sobre a construção do saber. Acabou se tornando referência sua reflexão sobre educação e cibercultura, ou seja, a formação do indivíduo a partir das novas construções sócio-culturais e políticas conseqüentes dos usos das novas tecnologias.
Ele constatou três grandes mudanças nas relações com o saber. A primeira (1ª) seria que na primeira vez da história as competências adquiridas por uma pessoa no início de sua formação profissional estariam obsoletas no final de sua carreira. A segunda (2ª) está na própria natureza do trabalho, pois trabalhar passa mais do que nunca a significar aprender, transmitir saber e produzir conhecimento. A terceira (3ª) e última é que o ciberespaço suporta tecnologias intelectuais que amplificam, exteriorizam e modificam numerosas funções cognitivas humanas: memória (banco de dados, hiperdocumentos, arquivos digitais de todos os tipos), imaginação (simulações), percepção (sensores digitais, telepresença, realidades virtuais), raciocínios (inteligência artificial, modelização de fenômenos complexos).
As novas formas de acesso à informação e os novos tipos de raciocínio e de conhecimento aumentam o que Lévy chama de inteligência coletiva, pois são objetivadas em documentos digitais ou programas disponíveis em rede e podem ser compartilhadas por inúmeros indivíduos.
Novos espaços do conhecimento também são criados, segundo o pesquisador. Para ele: “No lugar de uma representação em escalas lineares e paralelas, em pirâmides estruturadas em “níveis”, organizadas pela noção de pré-requisitos e convergindo para saberes ‘superiores’, a partir de agora devemos preferir a imagem de espaços de conhecimento emergentes, abertos, contínuos, em fluxo, não lineares, se reorganizando de acordo com objetivos ou contextos, nos quais cada um ocupa uma posição singular e evolutiva”. (LÉVY, 2003, p. 158)
O autor avaliou a necessidade de duas reformas nos sistemas de educação e formação. Primeiramente, o surgimento de um novo estilo de pedagogia como umas das questões essenciais no EAD (Ensino Aberto e a Distância), assinala Pierre Lévy, pois favorece o professor como incentivador e animador de inteligências coletivas de grupos de alunos em vez de um fornecedor direto de conhecimentos. A segunda refere-se ao reconhecimento de experiências adquiridas. “Se as pessoas aprendem com suas atividades sociais e profissionais e a escola e a universidade perdem progressivamente o monopólio da criação e transmissão de conhecimento, os sistemas públicos de educação podem ao menos tomar para si a nova missão de orientar os percursos individuais no saber e de contribuir para o reconhecimento de saberes pertencentes às pessoas, aí incluindo os saberes não acadêmicos” (LÉVY, 2003, p.158)
Finalmente, o autor faz uma previsão que parece estar se concretizando hoje nas relações entre internet e educação. Para ele, o ciberespaço, a interconexão de computadores no planeta, tende a se tornar a principal infra-estrutura de produção, transação e gerenciamento econômicos. “Será em breve o principal equipamento internacional da memória, pensamento e comunicação. Em resumo, em algumas dezenas de anos, o ciberespaço, suas comunidades virtuais, suas reservas de imagens, suas simulações interativas, sua irresistível proliferação de textos e de signos, será o mediador da inteligência coletiva da humanidade”. (LÉVY, 2003, p. 167). A existência deste novo suporte de informação e comunicação, termina Lévy, condiciona a emergência de novos gêneros de conhecimento inusitados, critérios de avaliação inéditos para orientar o saber, novos atores na produção e tratamento dos conhecimentos. Estas são algumas das questões que devem ser levadas em consideração na implementação de políticas de educação. Eis um retrato do admirável mundo novo da internet…

Bibliografia

CASTELLS, Manuel. A Sociedade em Rede. Tradução: Roneide Venâncio Majer; atualização para 6ª Edição (2003): Jussara Simões – (A era da informação: economia, sociedade e cultura; v.1). São Paulo: Paz e Terra, 1999.

CASTELLS, Manuel. A Galáxia da Internet. Reflexões sobre a internet, os negócios e a sociedade. Tradução: Maria Luiza X. de A. Borges. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2003.

LÉVY, Pierre. Cibercultura. Tradução de Carlos Irineu da Costa. São Paulo: Editora 34, 1999.

LUCENA, Carlos e FUCKS, Hugo. Professores e aprendizes na WEB: a educação na era da internet. Rio de Janeiro: Ed. Clube do Futuro, 2000.

MARTÍN-BARBERO, Jesús. Dos Meios às mediações: comunicação, cultura e hegemonia. 2ª Edição. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 1997.

THOMPSON, John B. Ideologia e Cultura Moderna: Teoria social crítica na era dos meios de comunicação de massa. Petrópolis, Vozes, 1995.

E-links

http://pt.wikipedia.org/wiki/Internet
Verbete da enciclopédia virtual Wikipédia sobre a Internet, sua história, alguns serviços populares, ética e usos.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Educação
Verbete da enciclopédia virtual Wikipédia sobre Educação, com links para diversas áreas com alguma relação com esse campo de ação, de pensamento e de transferência e mediação de cultura.

http://educacaonaweb.blogspot.com/

O lado escuro do trabalho em rede social: Unenlightenment

O lado escuro do trabalho em rede social: Unenlightenment

Assim muitos locais sociais do trabalho em rede começaram começados por alguém que diz, hey, eu penso que estes retrato/canção/faixa/o que quer que é grande e eu quero compartilhar d com meus amigos….e antes que você puder dizer MySpace que a pessoa tem milhares de “amigos” quem são também passionate em sua opinião que o retrato/canção/faixa/o que quer que na pergunta é grande.

Ter amigos é grande; realmente, é. Nós não estamos de encontro aos amigos no menos. Ter uma rede da sustentação que possa o suportar acima de encontro a um mar da dúvida é grande, demasiado. Se você pensar que o laço que um `amarelo da fita em volta da árvore Ole do carvalho é a mais melhor canção produziu sempre, um quarto virtual completamente dos amigos que tranquilizam o que você é direita impulsionará sua confiança como nada mais.

O problema é, uma rede social dos povos like-minded que concordam com você não faz a coisa que você é todo que concorda sobre verdadeiro. Tudo que significa é que há um grupo dos povos que estão em torno de concordar com você. “Você é absolutamente estrondo-aproximadamente nessa canção” tem echos ominous do “ampère-hora, o emperor, que o terno olha positivamente dashing em você.” E quando você começa pensar que é verdadeiro porque você está começando assim que pode cursos positivos da rede, você é furado dentro grupo-pensa, e há um risco real de careening descontroladamente fora das estradas de uma realidade objetiva mais amplamente compartilhada.

O que todas as redes necessit-e eu sociais incluímos a rede social que revolve em torno de ThinkFree nesta indicação-está uma maneira spice acima da conversação com o inesperado, o serendipitous. Tudo que faz exame realmente é um miúdo a dizer “mas mom, o emperor não está desgastando nenhuma roupa,” e realidade inunda a cena. Nós necessitamos nossas redes sociais não apenas suportar-nos e reaffirm, mas desafiar-nos e testar nossas opinião e opiniões.

Às vezes é mais instructive distante para procurar para fora as opiniões dos povos que discordam com o que nós estamos pensando. Nós podemos nunca vir ao redor ver coisas sua maneira, mas nós podemos aprender mais sobre nos, nossas posições, e as coisas sobre que nós sentem passionate. E aquela é uma coisa boa.

Nós pudemos mesmo concordar que é uma coisa grande.

Que você pensa?

Tag

http://blog.thinkfree.com/2007/07/10/the-dark-side-of-social-networking-unenlightenment/

steven johnson – grandes autores

Steven Johnson
STEVEN JOHNSON já foi citado como um dos mais influentes pensadores do ciberespaço pelos periódicos Newsweek, New York Magazine e Websight. É editor-chefe e co-fundador da Feed, premiada revista cultural on-line. (atualizado em fev-08)

Steven Johnson nasceu há 1970 anos e vive em Nova Iorque desde 1991. Formado em Semiótica e Literatura Inglesa, tem-se destacado como um dos maiores estudiosos da tecnologia digital.

Fixou-se, recentemente, em Brooklyn, para onde, como diz no seu blogue (www.stevenberlinjohnson.com), se estão a mudar todos os escritores cokm crianças. Tem dois filhos e aguarda o seu terceiro menino.
É crítico cultural e professor na New York University, destacou-se como colunista dos jornais The New York Times e The Wall Street Journal e das revistas The New Yorker e Harper’s Magazine. Dono de uma escrita polémica, tem publicados quatro livros e, em Outubro, sairá no mercado americano The Ghost Map. Esteve, recentemente, em Lisboa, para lançar Tudo o que É Mau Faz Bem (Lua de Papel).

Tudo o Que É Mau Faz Bem
Cultura da Interface

.
A Inteligência Coletiva: cartografando as redes sociais no ciberespaço
http://www.cibersociedad.net/congres2004/grups/fitxacom_publica2.php?grup=19&id=335&idioma=ca

INFORMAÇÃO, CIDADE E CONHECIMENTO: POR UMA ABORDAGEM DO ESPAÇO URBANO http://www.cinform.ufba.br/v_anais/artigos/silviojoseconceicao.html

Principais autores nas ciências sociais do Século XX

Total

Economistas

Sociólogos

C. políticos

Antropólogos

Influência

Mérito

Influência

Mérito

Influência

Mérito

Influência

Mérito

Influência

Mérito

Gilberto Freyre

44,9%

44,9%

28,6%

28,6%

50,0%

50,0%

46.2%

53,9%

66,7%

50,0%

Celso Furtado

42,9%

44,9%

92,9%

85,7%

0,0%

0,0%

53,9%

61,5%

0,0%

0,0%

Raymundo Faoro

34,7%

34,7%

28,6%

35,7%

20,0%

10,0%

38,5%

38,5%

50,0%

50,0%

Sérgio Buarque de Hollanda

34,7%

28,6%

35,7%

35,7%

20,0%

20,0%

53,9%

15,4%

33,3%

50,0%

Victor Nunes Leal

20,4%

24,5%

7,1%

0,0%

20,0%

20,0%

38,5%

46,2%

33,3%

50,0%

Florestan Fernandes

10,2%

20,4%

14,3%

14,3%

20,0%

20,0%

7,7%

23,1%

16,7%

33,3%

Caio Prado Júnior

18,4%

20,4%

28,6%

28,6%

10,0%

10,0%

23,1%

30,8%

0,0%

0,0%

Oliveira Viana

16,3%

16,3%

0,0%

0,0%

10,0%

10,0%

46,2%

23,1%

6,7%

33,3%

Euclides da Cunha

14,3%

14,3%

7,1%

7,1%

0,0%

0,0%

15,4%

15,4%

33,3%

33,3%

Fonte: enquete entre 49 cientistas sociais brasileiros. cad qual indicou até cinco obras mais importantes e cinco mais influentes. Quando não foi feita a distinção, a obra foi considerada importante e influente.

Os clássicos: Gilles Deleuze e Michel Foucault.

    Os clássicos da Profª Ivete Keil são Gilles Deleuze e Michel Foucault.  

    Ivete Keil é professora do PPG em Ciências Sociais Aplicadas, do Centro de Ciências Humanas, Pós-Doutora pela  École des Hautes Études en Sciences Sociales, EHESS, Paris, França. Doutora em Antropologia pela Université de Paris V (Rene Descartes), U.P. V, Paris, França e Mestre em Antropologia Social pela UFRGS.

    “Não é possível falar de uma só influência. Vários autores entram em conexão de fluxos rejuntando arte, vida, poesia e realidade. Artaud, Kafka, Nietzsche, Deleuze, Foucault, Marx, Negri, Dostoievski, Céline, Lawrence e, muitos, muitos outros. Entretanto, vou escolher dois deles: Gilles Deleuze e Michel Foucault.

    Gilles Deleuze e Michel Foucault

    Escolhi justamente Deleuze e Foucault pela importância das suas obras para a leitura do nosso tempo, mas também, porque eles foram muitíssimo comprometidos com a sociedade, fizeram muitas manifestações e protestos contra a dominação e a favor das minorias. Foram verdadeiramente militantes. Para se ter uma idéia, lembro o GIP (Grupo de informações sobre a prisão no qual eles fizeram um trabalho intenso, denunciando as más condições das prisões francesas e, ao mesmo tempo, possibilitaram a organização dos presos). Além de uma obra extremamente inovadora que mexeu profundamente em teorias e conceitos, revolucionando tudo, revolucionando verdades estabelecidas, eles foram para o campo de batalha. Adotaram a ética como estética da existência profundamente comprometida.

    Obras

    L’ anti-oedipus é a obra que, entre tantas, poderia citar de Deleuze. Ela redimensiona o conceito de inconsciente, negando a idéia de teatro utilizada até então para projetá-lo como uma usina, um lugar, um agente de produção. O inconsciente deixa de ser figurativo e estrutural para aparecer como máquina. Esse trabalho propõe uma grande guinada. O mito edipiano, tão caro às sociedades ocidentais, é colocado como nosso grande erro. O argumento utilizado é bastante convincente, pois ele bloqueia as forças produtivas do inconsciente. Essas forças produtivas fragilizadas perdem a potência revolucionária do desejo, as tornam prisioneiras dentro do familialismo.  

    Il faut défendre la société é uma obra de Foucault que traz um curso ministrado pelo autor, no Collège de France. Trata-se, abandonando o modelo jurídico de soberania, de uma análise concreta das relações de poder. O interesse do filósofo é saber a maneira pela qual as relações de sujeição podem fabricar os sujeitos. Ele estuda, para além das leis como manifestação de poder, diferentes técnicas de coerção. Para tanto, entra no tema da guerra como cifra da paz. Mostrando, através do deciframento do discurso histórico-político, que a guerra (em seus diferentes aspectos, invasão, batalha, conquista, vitória, relação dos vencedores e vencidos, pilhagem, apropriações, sublevações) divide o campo social inteira e permanentemente. Um discurso que, em verdade, funciona como arma para uma vitória partidária, um discurso sombriamente crítico e, ao mesmo tempo, profundamente mítico.

    Foucault disse certa vez que o século XXI seria deleuziano. Creio que será uma mistura dos dois. Muito vamos ganhar se isso acontecer.

    Deleuze, Foucault e Ivete Keil

Todos os livros que li, de alguma maneira, afetaram minha subjetividade. É muito difícil separar. Leio muito. Na verdade, estou sempre lendo. Dias a fio fico lendo. Adoro os livros. Ler para mim é um modo de proteger minha solidão. Prezo isso. Portanto, falar de influências específicas é muito difícil. Quando se busca um autor e não o outro, é porque sua escritura faz eco no pensamento de quem quer lê-lo, e o outro não. De qualquer maneira, quando leio (e releio) Deleuze e Foucault leio e releio coisas que parecem que já estavam no meu pensamento e na minha vida. Acontece com outros autores também. Antonio Negri é um deles. 

Fontes e bibliografia sobre o tema Redes

Fontes e bibliografia sobre o tema Redes

Vivianne Amaral:

Uma excelente fonte sobre redes é a área Redes no site www.rits.org.br, em especial a seção Tema do Mês que apresenta artigos de pesquisadores e de pessoas que atuam em redes, com diversos perfis.

O site da Rebea a área Redes traz textos sobre redes: http://www.rebea.org.br/redes.php

Nas oficinas que realizo indico a seguinte bibliografia:

Introdução ao tema rede:

INOJOSA, Rose Marie.Redes de Compromisso Social.
disponível em http://www.rebea.org.br/vnoticias.php?cod=962

AMARAL, Vivianne, Redes sociais: conexões
disponível em http://www.rebea.org.br/vnoticias.php?cod=655

__________, Desafios do trabalho em rede
disponível em http://www.rits.org.br/redes_teste/rd_tmes_dez2002.cfm

___________Redes sociais e redes naturais: a dinâmica da vida
disponível em http://www.rits.org.br/redes_teste/rd_tmes_fev2004.cfm

___________Redes – uma nova forma de atuar
disponível em http://www.mapadoterceirosetor.org.br/adm/download/redes.pdf

MARTINHO, Cássio Redes: Uma introdução às dinâmicas da conectividade e da auto-organização. WWF Brasil, Usaid, REBEA, REPEA.
disponível em http://www.wwf.org.br

TORO, José Bernardo; DUARTE, Nísia Maria. Mobilização social. Um modo de construir a democracia e a participação.

CAPRA, Fritjof. A teia da vida. São Paulo: Cultrix, 1996.

_____. As conexões ocultas. São Paulo: Cultrix, 2002.

Aprofundamento no tema:

MARCON, Christian e MOINET, Nicolas. Estratégia-Rede. caxias do Sul-RS: EDUCS. 2001.

MARTELETO, Regina Maria e SILVA, Antonio Braz. Redes e capital social: o enfoque da informação para o desenvolvimento local. Ci.Inf., Brasília, v.33, p.41-49, set/dez 2004.

CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 1999.

SENGE, Peter M. A quinta disciplina. Editora Beste Seller.

JOHNSON, Steve. Emergência: a dinâmica de rede em formigas, cérebros, cidades e softwares.Zahar.

Uma visão crítica sobre as redes

TRIVINHO. Eugênio. Redes:obliterações no fim do século. São Paulo: ANNABLUME.1998

Berenice Adams

TAJRA, Sanmya Feitosa. Comunidades virtuais: um fenômeno na sociedade do conhecimento. São Paulo: Érica, 2002.

ARRUDA, Marina Patrício de. A prática da mediação em busca de um mediador das emoções. Pelotas: Seiva, 2004.

a trajetória da humanidade, relacionando-a ao avanço da ciência e da tecnologia e sua influência na sociedade contemporânea

A biblioteca pública no cenário da sociedade da informação

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Abstract – [Portuguese abstract]

O artigo aborda a trajetória da humanidade, relacionando-a ao avanço da ciência e da tecnologia e sua influência na sociedade contemporânea, também denominada sociedade da informação, do conhecimento, da aprendizagem. Destaca as funções da biblioteca pública ao longo do tempo, e sua sintonia com o permanente processo de mudança social, salientando o perfil, competências e contribuição do profissional da informação bibliotecário nesse contexto. Discorre sobre as atuais tecnologias de informação e comunicação, com ênfase na Internet, e seu reflexo no cotidiano dos cidadãos, realçando a questão da exclusão digital, um desafio a ser enfrentado pela América Latina.

[English abstract]

The article approaches the trajectory of the humanity, relating it it the advance of science and the technology and its influence in the society contemporary, also called society of the information, the knowledge, the learning. It detaches the functions of the public library to the long one of the time, and its tunning with the permanent process of social change, pointing out the profile, abilities and contribution of the professional of the information librarian in this context. It discourses on the current technologies of information and communication, with emphasis in the InterNet, and its consequence in daily of the citizens, enhancing the question of the digital exclusion, a challenge to be faced by Latin America.

Keywords: Ciência, tecnologia, sociedade contemporânea, sociedade da informação, sociedade do conhecimento, biblioteca pública, América Latina, science, technology, society contemporary, society of the information, society of the knowledge, public library, Latin America.

Software livre no setor público

Mas i Hernàndez, Jordi (2003) Software livre no setor público. Report.

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Abstract – [Portuguese abstract]

Se, no dia de hoje, você já esteve usando a Internet, certamente você já é usuário de software livre. A maior parte da infra-estrutura de Internet está baseada em protocolos abertos. Acima do 60% dos servidores web utilizam Apache. Outro grande número usa SendMail para gerir ou enviar correio eletrônico, e praticamente todos os servidores de nomes (DNS), essenciais para o funcionamento da Rede, usam o programa BIND ou derivados do seu código fonte.

A Internet é um novo meio que, sem dúvida alguma, está revolucionando muitos aspectos da sociedade e está sendo um espaço fundamental para a inovação de muitas áreas do conhecimento. É indiscutível a importância que teve o software livre na extensão e desenvolvimento da Internet desde seus começos. Também, tem sido muito importante que os protocolos que definem a arquitetura da Internet sejam abertos e que não tenham sido controlados por uma ou unas poucas empresas Ver Internet Engineering Task Force, http://www.ietf.org/. Como veremos, ambos os fatores são também determinantes nas decisões tecnológicas relativas ao uso das novas tecnologias na administração pública.

– Hommerding, Nadia M.S. and Vergueiro, Waldomiro (2004) Profissionais da informação e o mapeamento do conhecimento nas organizações : o caso da KPMG Brasil. Revista Digital de Biblioteconomia e Ciência da Informação 2(1).

Carlan, Eliana (2006) Ontologia e web semântica.

Leite, Fernando César Lima (2006) Gestão do conhecimento científico no contexto acadêmico : proposta de um modelo conceitual. Master’s degree dissertation, Information Science, Universidade de Brasília (Brasil).

Carvalho, Kátia (2006) O admirável mundo da informação e do conhecimento : livro impresso em papel e livro eletrônico. Biblios(24).

Low Tech multimídia – by overmundo

Maria Lu Tongon

 

Piano Metareciclado

Baixa tecnologia criativa com cultura popular local

Por: Adriana Veloso com colaborações de Tati Wells

Software livre além do computador

O marco da entrada do software livre no Brasil deu-se com o lançamento do Conectiva Red Hat, que a partir de 1996 disponibilizou uma versão traduzida ao português brasileiro do sistema operacional Gnu/Linux. Mas foi de fato a sociedade civil que propagou o uso e construiu as relações de compartilhamento, troca e pesquisa intrínsecas ao projeto de um sistema livre e de código aberto. Ações como o Projeto Software Livre, por exemplo, que realiza desde 2000 anualmente o Fórum Internacional Software Livre (FISL) fizeram com que o Gnu/Linux se tornasse mais utilizado e difundido.

Os avanços das interfaces gráficas e dos programas multimídia também foram de suma importância para a abrangência do uso do software livre, mas principalmente sua filosofia de livre distribuição, possibilidade de modificação e customização, entre outras, atraiu muitas pessoas. E a cultura de uso desta nova ferramenta que fez com que os ideais de livre distribuição, compartilhamento e faça você mesma migrassem para outras áreas, como a produção midiática e musical.

Os Indymedias foram os primeiros websites de notícias que utilizaram a licença copyleft. No Brasil, no final de 2000, chega o Centro de Mídia Independente. Logo depois, pessoas ligadas à música, como coletivo pernambucano Re:Combo, passam a utilizar uma licença de remix. É o início da migração dos ideais do software livre para a arte e a cultura.

Com a receita da feijoada disponível para todo mundo, cada região do país reinventou sua versão, adicionou um tempero regional. O licenciamento que permite executar, estudar, aperfeiçoar e distribuir, originário da GNU General Public License (GPL), passa a ser aplicado em outras esferas que não a do software. O que ocorreu no caso do Brasil, nos últimos dez anos, é que o sistema operacional livre e sua ideologia foi encarado e utilizado como um catalisador para ações que sempre existiram no “mundo analógico”.

 Libertando da cultura por meio da tecnologia

A partir da distribuição de uma documentação sobre como produzir, aliada à popularização de mídias como gravadores de Cds e DVDs, tornou-se muito mais acessível divulgar realidades regionais. Pois, em contraposição à diversidade brasileira, o monopólio das mídias trabalha em função do jabá, representando na telinha ou no rádio uma cultura muito mais estadunidense (*) que nacional. Quando muito destaca o sudeste e um nordeste rotulado em jargões comerciais.

Paralelamente, a interlocução das mídias livres trabalha mais diretamente com as pessoas, possibilitando que muitas outras vozes e opiniões sejam protagonistas. Conseqüentemente a diversidade é muito maior. Um simples exemplo sobre a produção musical brasileira: Quem é mais representativo, a Sony/BMG e seus 38 artistas nacionais contratados ou os mais de 30 mil musicistas cadastrados no Trama Virtual que disponibilizam suas músicas em licenças livres?

Neste aspecto os Encontros de Conhecimentos Livres e as Oficinas locais , promovidos desde 2005 pela Ação Cultura Digital, trabalham com a auto-estima das comunidades a partir do momento em que as coloca como protagonistas de sua própria história, oferecendo a possibilidade de auto-documentação da cultura popular local. Foram inúmeros os grupos que gravaram seu primeiro CD ou primeiro vídeo de trabalhos criados por gerações. São novas produções culturais refletindo para o mundo a diversidade nacional.

A instrumentalização tecnológica dos Pontos de Cultura, entidades selecionadas em edital pelo Ministério da Cultura para receberem uma verba com vistas a ampliarem suas ações, seja por meio do kit multimídia ou pelo aprendizado do manuseio de ferramentas livres para a produção multimídia, também fez com que estes agentes se tornassem autônomos em sua produção cultural. Já é possível trocar material entre projetos de todo país e com acesso à internet pode-se conhecer muitas outras realidades além daquelas exibidas no plim plim da Rede Globo, como no Acervo Livre, repositório de publicações abertas de material multimídia, por exemplo.

 Reapropriação das ferramentas

Em se tratando da realidade brasileira não faz sentido falar em investimentos milionários em hardware (computadores, filmadoras, etc) para promover essa difusão e produção cultural descentralizada. A grande questão fica em como trabalhar com a diversidade cultural e criatividade com poucos recursos.

O diferencial da abordagem brasileira com relação às ferramentas tecnológicas, ou o hardware, é que de fato temos disponível sucata e para nós o lixo tecnológico deve ser reaproveitado. Um máquina de última geração pode até chegar à classe média alta, porém para fazer inclusão digital, entenda-se lá como for o que esta expressão indique, é preciso ter em mente que reciclar é dar acesso.

 O copyleft do hardware

Justamente aí entra o Metareciclagem, proposta que serviu de base para a construção da Ação Cultura Digital. Este projeto não se trata apenas de reciclar máquinas antigas para colocar telecentros em funcionamento. Fazer Metareciclagem é principalmente pensar em como empregar a parafernalha tecnológica para projetos socialmente engajados utilizando-se de criatividade artística para isso. Lembrando que por tecnologia entende-se qualquer objeto manipulado pelo ser humano, de uma lápis a um processador dual core.

Desmontar teclados, fazer com eles sensores e com estes fazer um piano no chão é um exemplo de Metareciclagem. Uma video wall, ou parede de telas de computador antigas, exibindo imagens é aplicar o conceito de Metareciclagem. Estes são apenas alguns exemplos de projetos executados por pessoas que trabalham com baixa tecnologia, arte e multimídia. São coisas assim que encantam as pessoas por serem quase inimagináveis no primeiro olhar, afinal, você pensaria em um piano ao ver um monte de teclados velhos e estragados? (Veja o vídeo do piano em funcionamento)

O que as pessoas que aplicam Metareciclagem em suas vidas de fato fazem é levar o conceito de código aberto ao hardware, à parafernália tecnológica. Pois ao abrir a caixa preta da tecnologia, entender como as máquinas funcionam por dentro, reproduz-se a receita do bolo, da feijoada, utilizando-a de sua própria maneira.

Esse olhar, que vislumbra possibilidades infinitas, reflete a criatividade típica das brasileiras e brasileiros. Se propomos novos usos no artesanato porque não na tecnologia? Além disso, a simples atitude de reaprovetar a baixa tecnologia é negar a obsolecência programada da indústria. Ao abrir as máquinas desmistifica-se o que é um computador, seu funcionamento e sua distância, seja ela de origem financeira ou de aprendizado.

Grupos e coletivos como o Metareciclagem, o Mídia Tática, e o Centro de Mídia Independente, atuantes direta ou indiretamente no MinC por meio da Ação Cultura Digital, misturam o low tech com o multimídia em um contexto de mudanças sócio econômicas do qual emerge os conceitos do software livre e os novos tipos de licenciamento de obras artísticas e intelectuais. Um dos resultados disso é esta publicação, outro estão disponíveis na Internet, mas de fato, tudo isso inicializou um processo colaborativo que muda a forma com que a cultura, a mídia e a tecnologia será vista pelas novas gerações.

(*) O termo estadunidense é utilizado ao invés de norte americanos pois entende-se por norte americanos também os mexicanos e canadenses.
tags: Belo Horizonte MG mais multimidia metareciclagem low-tech tecnologia midia-tatica reapropriacao estudio-livre minc cultura-digital

fonte: http://www.overmundo.com.br/overblog/sala_edicao.php?em_edicao=2786

Comunidade Virtual

COMUNIDADE VIRTUAL


Segundo Howard Rheingold, as comunidades virtuais são agregações sociais que emergem da Rede quando existe um número suficiente de pessoas, em discussões suficientemente longas, com suficientes emoções humanas, para formar teias de relações pessoais em ambientes virtuais, alterando de algum modo o Eu dos que nele participam. A possibilidade da comunidade virtual vem da intersecção de três tecnologias: o computador, o telefone e o software conhecido como internet – que é, na realidade, o sistema operativo para a rede telefónica digitalizada. O telefone providencia comunicações em dois sentidos e uma infraestrutura para ligar globalmente; o computador digitaliza e armazena informação, e providencia um interface ao utilizador; a internet permite aos computadores utilizarem o sistema telefónico. À medida que o sistema telefónico se torna também digital, links de grande largura de banda estão também acessíveis por todo o lado, aumentando o potencial deste novo híbrido tecnológico.O termo comunidade virtual sugere aparentemente comunidades que só existem no ciberespaço. Mas implica, mais exactamente, uma nova forma de ligação que passa a existir no meio de, ou entre, comunidades no espaço real, biológico, ligando-as e estendendo-as, trazendo mesmo novas comunidades reais para o seu contacto. É um alargamento da comunidade pela adição de um novo espaço de interacção, espaço virtual onde fluxos expandidos de relações solidárias podem ser criados. É um curto passo a fusão do espaço mental de indivíduos de um modo que expande o próprio conceito de comunidade.Mas que futuro terá esta comunidade?

Comunidade virtual

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Uma comunidade virtual é uma comunidade que estabelece relações num espaço virtual através de meios de comunicação a distância. Se caracteriza pela aglutinação de um grupo de indivíduos com interesses comuns que trocam experiências e informações no ambiente virtual.

Um dos principais fatores que potencializam a criação de comunidades virtuais é a dispersão geográfica dos membros. O uso das Tecnologias de Informação e Comunicação – TICs minimizam as dificuldades relacionadas a tempo e espaço, promovendo o compartilhamento de informações e a criação de conhecimento coletivo.

——–

Criando comunidades virtuais

Conheça os princípios fundamentais para iniciar e fomentar comunidades no ambiente web

Partindo-se da premissa que a tecnologia utilizada em uma iniciativa de Gestão do Conhecimento é o meio (e não o fim), a relação entre os usuários e o ambiente virtual nos parece de extrema importância. Essa relação se torna ainda mais crucial quando estamos tratando de comunidades virtuais, onde a colaboração, a descentralização de procedimentos (gestão de conteúdo e usuários), a integração entre os diversos tipos de usuários e a gestão desse ambiente são elementos determinantes para seu sucesso.

 

Ciclo de Vida - Comunidade Virtual - Jayme Teixeira Filho

http://www.intranetportal.com.br/destaque/fotos/col3

 

fonte: http://www.intranetportal.com.br/comunidade/cc_2

 

 

Construindo comunidades virtuais (parte 1)
Mais do que um artigo, este é praticamente um manual didático, sério e conciso sobre como construir comunidades virtuais, escrito por um dos responsáveis pelo Slashdot.
Este texto é uma tradução do artigo Building online communities, feita por Juliano Spyer, com a autorização e assistência do autor, editor técnico da O’Reilly Network. chromatic é também co-autor do manual “Running Weblogs with Slash”.

Veja a parte final do artigo: Construindo comunidades virtuais: conduta

fonte: http://webinsider.uol.com.br/index.php/2003/08/18/construindo-comunidades-virtuais-parte-1/

 

 

O Animador de Comunidades Virtuais

Jurema Sampaio-Ralha

Não costumo fazer afirmações com base em “achismos”, e, por isso, queria poder embasar o que penso e digo, adequadamente, antes de manifestar o que, sem isso, seria somente uma opinião. Não é para ser nenhum paper nem artigo, mas, como prometi, seguem, abaixo, algumas delas (as que consegui localizar hoje), mas creio que dá p/ embasar bem o que significa quando falo em “animador”.

fonte: http://www.escola2000.org.br/pesquise/texto/textos_art.aspx?id=70

 

 

COMUNIDADES VIRTUAIS PRECISAM DE ANIMADORES DA INTELIGÊNCIA COLETIVA
Entrevista concedida ao portal da UVB (Universidade Virtual Brasileira)
Wilson Azevedo


Wilson Azevedo
é diretor da Aquifolim Educacional e consultor técnico-pedagógico do Senai. Nesta entrevista exclusiva à uvb.br, afirma que comunidades virtuais precisam de animadores, não de normas. “O segredo não está nem em normas, nem em tecnologia, está em pessoas, educadores capacitados para atuarem como animadores da inteligência coletiva em comunidades virtuais.”

fonte: http://www.aquifolium.com.br/educacional/artigos/entruvb.html

 

 

O ambiente Comunidades Virtuais de Aprendizagem tem o objetivo de socializar as produções e pesquisas que vem sendo desenvolvidas pelos bolsistas de iniciação científica, alunos dos cursos de Pedagogia, Design e Análise de Sistemas do Campus I – UNEB e pelos mestrandos em Educação e Contemporaneidade (UNEB) e Modelagem Computacional (FVC/CEPPEV), vinculados aos Grupos de Pesquisa do CNPq e coordenados por Lynn Alves.
http://www.comunidadesvirtuais.pro.br/

 

Comunidades Virtuais de Aprendizagem baseadas na Teoria de Interação Social de Piaget e suportadas por redes peer-to-peer

www.cinted.ufrgs.br/renote/mar2004/artigos/11-comunidades_virtuais.pdf

 

COMUNIDADES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM: ESPAÇOS DE
DESENVOLVIMENTO DE SOCIALIDADES, COMUNICAÇÃO E CULTURA

Clique para acessar o artigo1.pdf

Internet reconfigura mapa-mundi

Além das guerras, das migrações massivas, das intermináveis estradas e das devastações, um outro fenômeno, este tecnológico, está mudando a geografia humana da Terra. Sim, a internet, que nesta semana está comemorando 35 anos. Um quase nada de tempo na história da civilização humana sobre a superfície do planeta. Mas é isto o que está indicando o novo mapa-mundi editado pela National Geographic.

Para o coordenador da obra, o cartógrafo-chefe da National Geographic, Allen Carroll, “esse ritmo de mudanças deve-se principalmente a dois fatores: uma população que cresce em velocidade acelerada e a uma economia cada vez mais globalizada”.

A nova edição do atlas da da principal revista popular de geografia do mundo é composta por 416 páginas e pesa 3,2 quilos! O próprio atlas disponível no site já é, por si só, uma viagem, ainda que é um pouco lenta. Além de permitir visualizar os tradicionais mapas políticos e administrativos e, naturalmente, os geográficos com uma série de recursos avançados, a edição da NG permite ver os mapas da tecnologia: como estão distribuídos os cabos de fibra ótica pelo mundo, como estão disseminados os servidores pelos vários continentes. Ou seja, há uma boa base de dados para pesquisas na área das novas tecnologias de informação.
Confira também a matéria da Reuters.

fonte: http://intermezzo-weblog.blogspot.com/2004_10_01_intermezzo-weblog_archive.html

Empreendedores vêem uma Internet 3.0 guiada pelo senso comum

John Markoff
Em San Francisco

A partir dos bilhões de documentos que formam a World Wide Web (rede mundial de computadores) e os links que os ligam, cientistas da computação e um crescente grupo de novas empresas estão encontrando novas formas de mineração de inteligência humana.

A meta deles é adicionar uma camada de significado sobre a Internet existente, o que a tornaria menos um catálogo e mais um guia —até mesmo fornecendo a fundação para sistemas que possam raciocinar de forma humana. Tal nível de inteligência artificial tem escapado aos pesquisadores há mais de meio século.

Tratado como Web 3.0, o esforço está em sua infância e a própria idéia tem gerado céticos, que a consideram uma visão inalcançável. Mas as tecnologias por trás dele estão ganhando adeptos rapidamente, de grandes empresas como IBM e Google a pequenas empresas. Seus projetos freqüentemente se concentram em usos simples, práticos, da produção de recomendações de férias à previsão da próxima canção de sucesso.

Mas no futuro, sistemas mais poderosos poderão agir como consultores pessoais em áreas tão diversas como planejamento financeiro, com um sistema inteligente mapeando um plano de aposentadoria para um casal, por exemplo, ou uma consultoria educacional, com a Internet ajudando um aluno colegial e identificar o curso universitário certo.

Todos projetos que visam criar a Web 3.0 se aproveitam de computadores cada vez mais poderosos que podem rápida e completamente explorar a Internet.

“Eu a chamo de World Wide Database (banco de dados mundial)”, disse Nova Spivack, o fundador de uma nova firma cuja tecnologia detecta as relações entre pedaços de informação, em vez de armazenar a informação em si. “Nós passaremos de uma rede de documentos conectados a uma rede de dados conectados.”

A Web 2.0, que representa a habilidade de ligar suavemente aplicações (como processamento de texto) e serviços (como compartilhamento de fotos) pela Internet, se tornou nos últimos meses o foco da badalação estilo pontocom no Vale do Silício. Mas o interesse comercial na Web 3.0 —ou a “Web semântica”, pela idéia de adicionar significado— apenas agora está despontando.

O exemplo clássico da era Web 2.0 é o “mash-up” (combinação) —por exemplo, a ligação de um site de aluguel de imóveis ao Google Maps para a criação de um serviço novo, mais útil, que mostra automaticamente a localização de cada imóvel para alugar listado.

Por sua vez, o Santo Graal para os desenvolvedores da Web semântica é construir um sistema que possa dar uma resposta completa e razoável a uma pergunta simples como: “Estou à procura de um local quente para passar as férias e disponho de US$ 3 mil. Ah, e tenho um filho de 11 anos”.

No sistema atual, tal pergunta poderia levar a horas de pesquisa —por listas de vôos, hotéis, aluguéis de carro— e as opções costumam entrar em conflito umas com as outras. Na Web 3.0, a mesma pesquisa resultaria idealmente em um pacote de férias completo, planejado tão meticulosamente como se tivesse sido preparado por um agente de viagens humano.

Como tais sistemas serão construídos, além de quanto tempo levará para que comecem a fornecer respostas significativas, atualmente é motivo de um debate vigoroso entre pesquisadores acadêmicos e tecnologistas comerciais. Alguns estão concentrados na criação de uma vasta nova estrutura para suplantar a Internet existente; outros estão desenvolvendo ferramentas pragmáticas para extração de significado da Internet existente.

Mas todos concordam que se tais sistemas surgirem, eles se tornarão instantaneamente mais valiosos comercialmente do que as ferramentas de busca atuais, que retornam milhares ou mesmo milhões de documentos, mas costumam não responder às perguntas diretamente.

Ressaltando o potencial de mineração de conhecimento humano há um exemplo extraordinariamente lucrativo: a tecnologia básica que tornou o Google possível, conhecida como “Page Rank” (posicionamento ou ranking de página), explora sistematicamente o conhecimento e decisões humanas sobre o que é relevante para ordenar os resultados de busca. (Ele interpreta um link de uma página a outro como um “voto”, mas votos dados por páginas consideradas populares têm peso maior.)

Os pesquisadores estão no momento tentando ir além. A empresa de Spivack, a Radar Networks, por exemplo, é uma entre várias que trabalham na exploração do conteúdo de sites de computação social, que permitem aos usuários colaborarem na reunião e adição de seus pensamentos a uma grande quantidade de conteúdo, de viagem a filmes.

A tecnologia da Radar é baseada em um sistema de banco de dados de nova geração que armazena associações, como o relacionamento de uma pessoa com outra (colega, amigo, irmão) em vez de itens específicos como texto ou números.

Um exemplo que indica o potencial de tais sistemas é o KnowItAll, um projeto de um grupo de membros do corpo docente e estudantes da Universidade de Washington que é financiado pela Google. Um sistema amostra criado usando a tecnologia é o Opine, que busca extrair e agregar informação postada por usuário em sites de produtos e críticas.

Um projeto de demonstração “entende” conceitos como temperatura do quarto, conforto da cama e preço do hotel, e pode distinguir entre conceitos como “ótimo”, “bom” e “mais ou menos” para fornecer respostas diretas úteis a perguntas sobre hotéis. Enquanto os atuais sites de recomendações de viagem forçam as pessoas a percorrerem longas listas de comentários e observações deixadas por outros, o sistema Web 3.0 pesa e classifica todos os comentários e encontra, por dedução cognitiva, o hotel certo para um usuário em particular.

“O sistema saberá que imaculado é melhor que limpo”, disse Oren Etzioni, um pesquisador de inteligência artificial da Universidade de Washington que é um líder do projeto. “Há um crescente entendimento de que o texto na Internet é um recurso tremendo.”

Pesquisadores e empreendedores dizem que apesar de ser improvável que haja sistemas completos de inteligência artificial tão cedo, se é que algum dia existirão, a Internet atualmente está produzindo uma cascata crescente de sistemas baseados em inteligência útil a partir de esforços comerciais para estruturar e explorar a Internet. Áreas específicas como sites de viagens e críticas de restaurantes e produtos são candidatas óbvias para construção de tais sistemas, que prenunciariam a chegada da Web 3.0.

“É um assunto quente e as pessoas ainda não perceberam esta coisa espantosa do quanto dependem de I.A.”, disse W. Daniel Hillis, um pesquisador veterano de inteligência artificial que fundou aqui a Metaweb Technologies no ano passado. Ele se referia aos milhares de atuais exemplos de inteligência limitada, de câmeras de Internet inteligentes para proteção contra intrusos a programas de e-mail baseados em Internet que reconhecem datas e locais.

Como a Radar Networks, a Metaweb ainda não está descrevendo publicamente qual será seu serviço ou produto, apesar do site da empresa declarar que a Metaweb visa “construir uma melhor infra-estrutura para a Internet”.

“Está bem claro que o conhecimento humano está lá fora e mais exposto a máquinas do que nunca”, disse Hillis.

Agências de inteligência
Tanto a Radar Networks quanto a Metaweb têm em parte suas raízes em tecnologia desenvolvida originalmente para agências de inteligência e para as forças armadas. A pesquisa inicial financiada pela Agência de Segurança Nacional, CIA e Agência de Projetos de Pesquisa Avançada da Defesa pré-data o apelo pioneiro por uma Internet semântica feito em 1999 por Tim Berners-Lee, o criador da World Wide Web uma década antes.

As agências de inteligência foram as apoiadoras iniciais do uso de técnicas de inteligência artificial para peneirar gigabytes de informação digital, uma idéia que agora está ganhando força na futura era Web 3.0. Isto levou diretamente nos anos 90 ao surgimento de um setor pequeno mas próspero de “análise de texto”, que visava ajudar grandes corporações a extraírem informações de bancos de dados.

Também ajudou a subscrever o trabalho de Doug Lenat, um cientista da computação cuja empresa, a Cycorp de Austin, Texas, vende sistemas e serviços para o governo e grandes empresas. No último quarto de século, Lenat tem trabalhado em um sistema de inteligência artificial chamado Cyc, que ele alega que algum dia será capaz de responder perguntas feitas em linguagem escrita ou falada —e raciocinar.

O Cyc foi construído originalmente com a entrada de milhões de fatos de senso comum que o sistema de computação “aprenderia”. Mas em uma palestra dada na Google no início deste ano, Lenat disse que o Cyc agora está aprendendo a garimpar na Internet —um processo que faz parte da forma como a Web 3.0 está sendo construída.

“Atualmente, grande parte do que fazemos em nossa empresa não se trata de ‘monges em claustros’ escrevendo em manuscritos iluminados para adicionar a trilhonésima sétima peça de informação”, ele disse, “mas sim extraindo informação automaticamente da Internet e, em muitos casos, a extraindo a partir da linguagem natural da Internet”.

Durante sua palestra, ele deixou implícito que o Cyc atualmente é capaz de responder uma pergunta sofisticada em linguagem natural: “Que cidade americana seria a mais vulnerável a um ataque de antraz durante o verão?”

Separadamente, pesquisadores da IBM disseram que agora estão usando rotineiramente uma foto instantânea digital dos 6 bilhões de documentos que compõem a World Wide Web não pornográfica para realizar pesquisa de busca e responder outras perguntas para clientes corporativos, que tentam resolver problemas tão diversos quanto pesquisa de mercado e desenvolvimento de marcas corporativas.

Daniel Gruhl, um cientista do Centro de Pesquisa Almaden da IBM, em San Jose, Califórnia, disse que o sistema de mineração de dados, conhecido como Web Fountain, está sendo usado para determinar a atitude dos jovens em relação à morte para uma seguradora e contribuiu para a escolha entre os termos “utility computing” (computação utilitária) e “grid computing” (computação em grade), em um esforço de desenvolvimento de marca da IBM.

“Foi revelado que apenas geeks gostavam do termo ‘grid computing'”, ele disse.

A IBM tem usado o sistema para realizar pesquisa de mercado para redes de televisão sobre a popularidade de programas, minerando uma comunidade popular de sites, ele disse. Adicionalmente, minerando a “badalação” em sites de música universitários, os pesquisadores conseguiram prever canções que seriam sucesso nas paradas com duas semanas de antecedência —uma capacidade mais impressionante do que as atuais previsões de pesquisa de mercado.

Entre os pesquisadores que estão desenvolvendo sistemas inteligentes, há um longo debate sobre se sistemas como o Cyc produzirão frutos, como a criação de novos sistemas e bancos de dados que possam semear e manipular —uma abordagem defendida por Berners-Lee.

Mas uma nova geração de pesquisadores e empreendedores concluiu que, em vez disso, tal inteligência surgirá de forma mais orgânica a partir de tecnologias que extrairão sistematicamente significado da Internet existente.

Seus esforços são conduzidos por uma explosão de padrões compartilhados —como blocos Lego que são publicamente descritos de forma que todos possam conectar— projetados para simplificar e automatizar a troca de informação. Alguns descrevem como a informação deve ser organizada e trocada; outros definem como criar perguntas que capturem o significado tanto quanto a obtenção de trechos específicos de texto.

Os primeiros exemplos são serviços como del.icio.us e Flickr, os sistemas de compartilhamento de bookmarks (sites favoritos) e fotos adquiridos pelo Yahoo, e Digg, um serviço de notícias que emprega a agregação de opiniões de leitores para encontrar artigos de interesse.

No Flickr, por exemplo, os usuários “rotulam” fotos, facilitando a identificação de imagens de formas que escapavam aos cientistas no passado.

“Com o Flickr, você pode encontrar imagens que um computador nunca conseguiria”, disse Prabhakar Raghavan, chefe de pesquisa da Yahoo. “Algo que nos desafiou por 50 anos repentinamente se tornou trivial. Não teria se tornado trivial sem a World Wide Web.”

Tradução: George El Khouri Andolfato

fonte: uol (link agora só funciona para assinantes, absurdo)